Quarto Impacto (3.1/4)

O
espetáculo celeste continuava o seu programa indiferente à angústia telúrica da minha alma. O sol lançava a sua luz vermelha sobre o pico do Leão Voador e o rio corria que nem serpente negra sibilando alegremente o caos. Agora o que é que se faz quando a terra perde uma das suas facetas, a ordem, antes da última luz do dia se extinguir? Tal como uma pessoa que nunca foi ensinada a agir em caso de catástrofe, das duas uma, ou entra-se em pânico ou aguenta-se estoicamente. Em ambos o casos a natureza humana, quando posta em xeque, é incapaz de agir em função da sua salvação terrena. Assim se percebe a utilidade das nossas inúmeras mil e uma noites. É que idealmente gostaríamos de ser estúpidos como as ovelhas e com isso garantirmos o nosso lugar num mundo melhor. E menos dado a repentinas entropias. Em suma, as histórias da carochinha são uma perfeita inutilidade. É preferível continuarmos a ter os nossos simulacros de terramotos para sabermos o que fazer e com isso, efetivamente, nos safarmos do que esperar por uma refeição grátis.

Continua...